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terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Shiva




Nunca chegou a ficar gorda - será que alguma vez o foi? - mas para o estado em que chegou aqui junto de casa, engordou bastante.
Nunca mais me esqueço daquele final de Agosto de 2011 quando abro a porta de casa e encontro, deitada na fonte aqui perto, o que parecia ser um cão. Parecia porque não se parecia com nada. Já não se aguentava em pé, era só pele e osso porque nem pelo tinha. 
Nunca pensámos que se safasse, demorou quase um ano para começar a correr - e a alegria que foi - era má com as pessoas de fora, sempre foi uma outsider e sempre que lhe arranjei companhia dava com os cães em doidos - foram dois, o Zé, que consegui dar e agora o Senna, que está lá sozinho e que eu trouxe do canil.
A Shiva foi o meu milagre, foi aí que tudo começou, esta coisa de tratar dos animais. Fez-me confusão na altura que uma cadela em pele e osso andasse aí pela fregusia e ninguém lhe desse sequer uma malga com água. Mas se fazem isso a seres humanos, aos animais ainda pior. Foi com a Shiva que me dediquei aos animais que não têm donos, foi com ela e por causa dela que conheci as pessoas da Associação da qual hoje faço parte. Foi a minha, a nossa Shiva que nos deixou no domingo de manhã. 
Foi uma cadela muito feliz nestes últimos anos, disso tenho a certeza. E foi sempre gratidão que vi nos olhos dela. Até ao final. Até uma estúpida de uma gripe a levar.

[acabar o ano com a morte de um animal e começar o novo ano com outra é assim um bocado para o demasiado. Espero que "não se pegue"]

4 comentários:

JPG disse...

Tenho a certeza que fizeste o que foi possível, por isso... agora é "só" aceitar o que não podemos mudar.

Como se fosse fácil...

Beijo

koklikô disse...

Foste um anjo que lhe apareceu, mais não podias fazer, ao menos proporcionaste-lhe uns últimos anos de vida com dignidade.

Nadine Pinto | Fotografia disse...

Eu tenho dois animais que foram abandonados, o Matias e a Sofia. Não é tão frequente verem-se por aí gatos persa abandonados, mas calhou à minha Sofia. Graças a Deus a minha avó encontrou-a a tempo e hoje é uma gata feliz, na minha casa e sempre a melgar-me.

Marta A. disse...

Minha Ana, perdoa-me só agora te vir confortar. Tenho andado com montes de tretas, para variar.

PS/ Mudei o blogue. Passa lá para conheceres o novo.